Thursday, September 24, 2020

Sócrates e a Busca da Sabedoria



Sócrates era visto como um corruptor perigoso da juventude. A todos exortava a que não se preocupassem tanto com as coisas materiais, senão com a alma; se tornassem pessoas boas. Um sábio, que dizia nada saber , e poderia ter sido um ponto de inflexão cultural e dos costumes, mas não o foi. Tomou da cicuta, cumprindo o destino imposto pelos juízes e políticos, para os quais um povo pensante não seria conveniente. Quando o filósofo disse ser imortal, quis, talvez, significar que seus pensamentos e ideias sobreviveriam à sua morte, e seguiriam pelos séculos, como fachos luminosos para as inteligências, que se decidissem pensar.


Para o filósofo grego, nada mais interessava que a Verdade e a Justiça; por tal postura foi condenado pelo Estado decadente.


Para seu discípulo, Platão, as virtudes seriam arquétipos, que o ser humano traz consigo ao nascer (contrariamente ao conceito de pecado original colocado séculos depois na cultura ocidental), mas que, misteriosamente, ficariam aprisionadas no ser humano, esperando a liberação de seu mutismo. Haveria no Universo um impulso natural para a perfeição; os arquétipos estariam no mundo metafísico, revestidos de profunda realidade e permanência. Os seres seriam transitórios, os arquétipos, permanentes. O homem existira antes de sua existência temporal, como arquétipo.


Aristóteles, herdeiro do pensamento de ambos, afirmara que a Natureza é um processo de autorrealização e auto-aperfeiçoamento. O homem tem de transformar-se em Homem (humanismo). O que distingue o homem do animal é a razão. O sentido da existência seria o conhecimento. “Tudo da Natureza traz algo de divino em si.” A divindade é imanente à Natureza, e não exterior à ela.


“Não se deve escutar a advertência daqueles que dizem que o homem deve pensar apenas no humano, o mortal, no mortal: antes, devemos empenhar-nos, tanto quanto o possível, em ser imortais.”


Interessante observar como os três pensadores se confundem num só, se complementam. Sabe-se que Sócrates foi um mestre oral, nada deixou escrito; todas as referências provêm de Platão, seu discípulo. E essas ideias atravessaram séculos de obscurantismo espiritual. E as palavras atribuídas a ele ao término de sua defesa viajaram no tempo como um misterioso sinal a ser decifrado: “É chegada a hora de partir: a mim, para morrer; a vós, viver. Quem de nós enfrentará o melhor destino é desconhecido de todos, exceto de Deus.”


Existe um paralelismo entre o pensamento de Spinoza e Sócrates, que diziam, de formas similares, que o homem não era o compacto, o tocável, senão o invisível, o da essência. Afirmavam que todo o ser humano tinha em seu interior tudo para se desenvolver; deveria, primeiro,conhecer-se, e, depois, o que o cercava; o princípio da sabedoria consistiria no reconhecimento da própria ignorância. Ambos foram condenados pelo poder político, por opor-se às ideias dos governantes, e não cultuar suas personalidades, e nem as divindades do Estado.


Apesar de ter a oportunidade de fugir, o filósofo grego não o fez. "Sócrates é imortal. Podem matar o invólucro de Sócrates, mas Sócrates é imortal." E, segundo Platão, enfrentou a morte com serenidade. Talvez por ter compreendido que a morte verdadeira fosse o não pensar, a submissão aos pensamentos pensados por outras pessoas, e à cruel ditadura dos mercadores da verdade.


Embora estes filósofos, como tantos outros que os sucederam, tivessem intuído um caminho e conhecimento que transcendessem o dia-a-dia rotineiro de uma vida materializada e vazia, não conseguiram vislumbra-lo com clareza nem tampouco trilhá-lo, para que pudessem, depois, ensinar às gerações que lhes sucederiam. Deixaram marcos, avisos, alertas, que não foram tomados em conta, e a humanidade mergulhou nos fanatismos de toda a espécie, sejam políticos ou religiosos, sempre muito próximos, e que têm distanciado a humanidade da verdade, e a tem separado em ideologias, raças, religiões, partidos políticos.


O que significa afinal preocupar-se com a alma? Como se tornar uma pessoa boa sem ser ingênua? O que é a verdade e a justiça? Como aperfeiçoar-se e transformar-se em Homem, atingindo a imortalidade?


Cada ser humano haverá de buscar as respostas por si mesmo, pois as que foram entregues prontas não são mais que o pão amanhecido e duro da tergiversação. Respostas prontas imobilizam a inteligência; são formas padronizadas, que impedem o movimento e a evolução.


Ao invés de procurar o elo perdido nos primatas, o homem do futuro haverá de buscá-lo em si mesmo, no seu coração e consciência, na prerrogativa evolutiva que lhe foi dada pelo Deus único, que os céticos chamam de acaso, e cuja face visível é o Universo, e a invisível as suas Leis, que podem ir sendo conhecidas pelo ser em evolução.


Nagib Anderáos Neto

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Tuesday, December 15, 2015

Borges e o Ofício do Verso



 
 
Relendo “Este oficio do Verso” de Jorge Luis Borges – coletânea de conferências pronunciadas em Harvard na década de sessenta, cujas gravações foram recentemente descobertas nos arquivos daquela Universidade –, deparamo-nos com verdadeiras aulas de profundo conteúdo literário e filosófico, confirmando a genialidade do argentino, cuja obra tem sido inesgotável fonte de estudo e pesquisa em todo o mundo.
Comecei a interessar-me pelo autor em 94 ao ler “O Cânone Ocidental” de Harold Bloom. Fui também ampliando meus contatos com as obras de Emerson, Emily Dickinson e Walt Whitman, irmãos literários do ilustre argentino, sempre avesso aos melodramas e romances espichados. Seus contos, poemas e ensaios são uma literatura sobre a literatura. Para ele, a poesia era uma paixão e um prazer. “O fato central de minha vida foi a existência das palavras e a possibilidade de tecê-las em poesia”, escreveu certa vez. E as bibliotecas eram como mágicas cavernas cheias de mortos, os quais poderiam ser ressuscitados, quando as páginas daqueles livros fossem abertas; ele reafirmava o antigo bordão de que “a arte é longa e a vida é breve”. E essa arte não seria elitista ou refinada, mas do homem comum, da rua, democrática, cuja matéria prima é a palavra, “o dialeto da vida”.
Ao lê-lo descobrimos uma eternidade na beleza. E devemos encontrá-la nos livros; senão, para que ler? E a linguagem pode ser música e paixão, quer dizer, poesia. E “as palavras são símbolos para memórias partilhadas”.
Condenado a uma cegueira genética, foi capaz de produzir a parte ponderável de sua obra após adentrar a escuridão completa, criando, mentalmente, e reproduzindo pela palavra; desmistificando o preconceito de que a tecnologia e a visão física perfeita pudessem trazer uma felicidade completa.
Borges criou e sobreviveu, apesar da cegueira, como Cervantes, apesar da prisão.
O maior cego não é o que não quer ver, mas o que não quer entender.
A lição de Borges expressa em suas entrelinhas ser a autocriação a maior obra que se possa realizar; e o homem, um pequeno criador feito à imagem e semelhança de um Criador maior.
 
Nagib Anderáos Neto
neto.nagib@gmail.com

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Monday, July 20, 2015

Gratidão: O Bom Sentir


 

Gratidão: O Bom Sentir


 

 

O ressentimento, equivalente ao rancor, é, no dizer de Shakespeare, um copo de veneno que você toma com esperança de fazer mal ao seu inimigo.

 

No livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, escreveu González Pecotche: o prisioneiro do rancor raramente memoriza os fatos e coisas que o beneficiaram dando-lhe satisfação e enchendo-o de alegria, mas recorda, em troca, com ânimo sombrio, de quantos lhe foram adversos.

 

A reflexão lembra um dizer antigo, ao afirmar serem os inimigos os provadores da têmpera de nosso espírito; se não os quer ter, melhor não haver nascido.

 

O inimigo, em geral, é um bom companheiro, que nos fará pensar na fórmula de nos libertarmos da tortura mental a qual nos submetemos ao recordar o ingrato, imobilizador dos sentimentos e endurecedor do coração, pois a ingratidão é um tóxico silencioso, eliminador das possibilidades de sermos felizes e livrarmo-nos das recordações sombrias, que lesam o coração; é uma das doenças das quais os seres humanos de hoje padecem. Seus frutos são a depressão e o vazio.

 

 Esquece-se, com muita facilidade, as coisas boas que vão acontecendo: pequenos sucessos, singelas alegrias, emoções que colorem os dias pálidos da existência. A simples recordação desses momentos poderia transformar um momento de tristeza num de alegria.

 

Contra o rancor há que opor o bom sentir, a gratidão por tudo que nos proporcionou alguma alegria; a inteligência na convivência, e a esperança, o mágico sentimento a nos lançar para um futuro melhorado e feliz.

 

A gratidão consciente é uma vivência interior na qual, ao recordar quem nos fez um bem, rendemos-lhe uma homenagem silenciosa e experimentamos uma proximidade muito grande em relação ao nosso benfeitor, mesmo que ele não esteja mais vivendo entre nós. É um sentimento de imponderável valor, pois credencia o indivíduo para novas experiências felizes no futuro.

 

A gratidão, o sentir agradecido pelo que se viveu, a revivescência sensível de um passado que não deve morrer nunca, é um sentimento mágico, que cada ser humano tem o poder e o dever de cultivar em seu coração.

 

                 Sentir é experimentar dentro de si a realidade de uma outra existência, seja ela um ser, um objeto ou um conhecimento, disse certa vez um sábio homem. Assim, um belo lugar fixa-se na recordação; uma pessoa querida, uma lição instrutiva, o animalzinho da infância, um livro, o parente desaparecido.

 

Ao manter no presente aquilo que vivemos, experimentamos uma sensação de existir consciente que as palavras não têm possibilidade de traduzir.

 

 

 

Nagib Anderáos Neto

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Tuesday, June 25, 2013

Política, Trabalho e Desenvolvimento





Os governos querem, no fundo, continuar sendo governo. O desenvolvimento das instituições democráticas depende da energia do povo que impulsiona a economia pelo trabalho, consumo, respeito às leis, e que se esforça por superar suas condições financeiras, econômicas e intelectuais. Aos governos cumpre não atrapalhar essa evolução que se vai realizando gradativamente naquelas sociedades cujo arcabouço democrático mínimo, livre de influências ideológicas e religiosas, segue seu caminho de aperfeiçoamento que exige mudanças, sem as quais os progressos não ocorrem.



A situação razoavelmente confortável do Brasil diante das últimas crises mundiais deve-se ao esforço e trabalho do povo, apesar dos pesados impostos, da burocracia, dos gastos excessivos dos governos, da lentidão da justiça, do desestímulo à livre iniciativa, da falta de segurança, da precária infraestrutura, e do menosprezo à educação e à cultura. Numa sociedade em que a raiz de todos os problemas reside na ausência de um sistema educacional eficaz, menosprezar a cultura e a educação é a política mais retrógrada pela qual se possa optar.



Não podemos nos conformar com a crença de que o voto implique democracia. O governo do povo para o povo é aquele que o representa e serve. Seria o poder constituído fazendo cumprir os anseios populares e a Lei Maior que não pode ser letra morta. Educação, saúde, trabalho, segurança, proteção ao meio ambiente, justiça rápida e eficiente deveriam ser os temas que ocupassem as mentes do homem público, e não a forma de chegar ao poder e permanecer nele indefinidamente.



A política assemelha-se às seitas religiosas extremistas cujos líderes induzem seus seguidores a suicídios coletivos em nome de suas inconfessáveis ânsias de poder e riqueza, tratando-os como ovelhas ou ratos do conhecido conto infantil que se atiram ao mar para uma morte coletiva, encantados pela melodiosa música de um esperto flautista.



O risível espetáculo da política não passa despercebido para os olhos que enxergam, os ouvidos que ouvem e a inteligência que entende.



A política passou a ser a arte de tergiversar, mentir, chegar ao poder e permanecer nele privilegiando parentes e amigos; de iludir, nunca dizer o que realmente se pensa - o que maldosamente tem sido imputado aos mineiros por alguma razão histórica que não está muito clara, mas que não é privilégio do simpático povo daquele Estado, senão de minorias assentadas nos governos, nas empresas, em instituições diversas por todo o país, por todo o mundo.



Os homens de bem têm ojeriza àqueles conluios, e a dramática situação dos governos em todos os níveis parece nunca terminar.



Em algum momento a reversão deverá ser iniciada, e pessoas que não necessitem da política como profissão, como meio de sobrevivência, por já terem percorrido uma trajetória que lhes permita colaborar voluntariamente com a Nação, alistar-se-ão numa cruzada de moralidade e seriedade, pois o governo não é nenhum partido, nenhuma pessoa, o governo é o povo que haverá de resgatá-lo.



A impostura tributária é uma doença, como a corrupção, causadora de desperdícios e injustiça social. Ao conspirar contra o povo, acrescenta-se ao imposto mais tributo, aparentando com isto justiça social com o dinheiro que legalmente toma dos que produzem e trabalham, cujas migalhas distribui demagogicamente através de uma pseudojustiça social denominada de bolsa qualquer vinda dos bolsos indignados de quem trabalha, produz e não concorda com este tipo de esmola que paralisa e vicia as pessoas cujos votos são comprados por tal prática.



Ao povo interessa trabalho, segurança, justiça, saúde e educação. O progresso não combina com assistencialismo inócuo, com antigas práticas de ideologias fracassadas.



Nagib Anderáos Neto



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Thursday, June 13, 2013

Traidores e Tradutores





É consenso entre escritores e leitores que todo tradutor é uma espécie de traidor, mesmo quando se está a interpretar pensamentos alheios no próprio idioma. O que não dizer quando se trata de fazê-lo de outros?



Traduzir vem do latim traducere, que significa conduzir além, transferir. Tradutor, do latim traductore. Traidor, do latim traditore.



O “tudo vale a pena se a alma não é pequena” de Fernando Pessoa poderá ter inúmeras interpretações, e nenhuma delas chegar perto do que o poeta pensou e sentiu ao urdir as dez pequenas palavras no verso tantas vezes repetido.



O misterioso “ser ou não ser” de Shakespeare poderia ser traduzido por saber ou não saber, existir ou não. Talvez estivéssemos dando um conteúdo nesta traição que o poeta inglês sequer cogitara.



A “Morte a Deus” escrita pelo jovem Rimbaud nas portas das igrejas, como o “Deus está morto” de Nietsche, poderia significar que o jovem poeta estivesse mais próximo d`Ele, como ponderou Henry Miller, que os arrogantes poderes que dominavam a igreja daquele tempo.



“A palavra morre quando é dita, alguém diz. Eu digo que ela começa a viver naquele dia”, escreveu Emily Dickinson, a incomparável poetisa da América num econômico inglês que lhe era peculiar. A que palavra estaria ela se referindo? O que é a palavra? Ela vive? Morre? Sobrevive a quem a pronunciou? Qual o mistério que a envolve e substancia? Qual sua força?



O mistério da palavra é o do pensamento. Ela é a expressão física daquele e pode desaparecer; ele não, o pensamento cruza o espaço e o tempo e pode sobreviver.



Cada palavra é um símbolo mágico, metáfora viva que pode ser decifrada e interpretada, traduzida para o idioma metafísico.



Quando ouvimos Drummond dizer: “havia uma pedra no caminho”, a sutileza metafísica é gritante; não é uma pedra física, é mental, um obstáculo a ser removido, um problema a ser resolvido.



A palavra Deus reporta a uma imagem que vem do conceito que se tenha; pode ser um senhor com uma enorme barba, ou o próprio Universo, ou um animal sagrado, o sorriso de uma criança, o gesto generoso de quem nos ajuda, ou uma inteligência maior de onde todas as demais provêm, ou absolutamente nada. A palavra refere-se ao conceito e pode ser uma metáfora morta se não evolui com o tempo transformando-se num preconceito.



As palavras, expressões físicas dos pensamentos, são pequenos detalhes com os quais se poderá chegar a Deus ou mergulhar na escuridão.







Nagib Anderáos Neto

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Monday, June 03, 2013

Consciência e Meio Ambiente




Questões ambientais e sociais deixaram de ser marginais ao negócio e passaram a ser essenciais, estratégicas. O conceito de sustentabilidade transcendeu a questão ambiental alcançando a social e a educacional. Responsabilidade na utilização dos recursos naturais, no consumo e trato com a sociedade, faz parte da administração moderna.



A preocupação com o meio ambiente e o ser humano é conseqüência da estranha modernidade que se observa, com o afastamento entre as pessoas e os povos provocado pela ignorância e preconceitos de toda a ordem. Ela poderá se transformar num fator de união de esforços para a melhoria das relações com a Natureza e entre as pessoas.



Desenvolvimento sustentável, além de responsabilidade social, crescimento inteligente e cuidado com o meio ambiente, deveria significar desenvolvimento humano, respeito às diferenças e fraternidade.



Nenhum país pode ser considerado desenvolvido ao arvorar-se à condição de manipulador de idéias e pensamentos para subjugar os demais. O mesmo acontece com as pessoas; a imposição é sinônima de impostura e presunção. Inteligência pressupõe exposição, ao invés de imposição.



A crise ecológica que presenciamos é conseqüência de uma grave crise humana e social. O ser humano desentendeu-se consigo , com os semelhantes e a Terra. As guerras e os graves problemas ambientais são as conseqüências desses desentendimentos.



A globalização é uma quimera. Os homens estão divididos social, racial, religiosa e geograficamente. No pequeno planeta criaram-se mundos distantes onde explorados e exploradores convivem numa aparente harmonia.



No dizer de Polibus, não existe testemunha tão terrível, nem acusador tão implacável como a consciência que mora no coração de cada homem. Diríamos que essa consciência, que pode ser conhecida e desenvolvida, a parte de Deus que habita cada coração, é para a qual cada homem haverá de prestar contas um dia, pelo que fez e deixou de fazer; a única, verdadeira e incontestável juíza que todos carregam consigo desde o instante que nascem e que pode ser ampliada no processo da vida através da evolução que implica a aquisição de conhecimentos. A questão do momento é sua ampliação, que muito tem a ver com a sede por eternidade e a fonte da eterna juventude que os antigos pressentiam e que nos permitirá projetar um futuro e construir um passado que poderá se converter num infinito presente que chamaríamos eternidade.



Quando boa parte da humanidade despertar do sono, da indiferença e da inconsciência, e aderir ao silencioso e crescente movimento em defesa do meio ambiente e do ser humano, a revolução ecológica – espiritual se fará sentir em muitas partes e será corrigido o rumo equivocado em que se lançou a humanidade pelos obscuros caminhos do materialismo e da ignorância. A nova cultura será o produto de uma grande revolução a ser travada no íntimo das pessoas. Mais do que informativa, ela será formativa, proporcionando a ampliação da consciência e o cultivo de pensamentos e sentimentos que unam as pessoas ao invés de distanciá-las, como têm feito a política, as fronteiras, as religiões e, sobretudo, as ambições desenfreadas que deverão ser substituídas pelo ideal de estudo e fraternidade. Além de cuidar do meio ambiente que o cerca, o homem aprenderá a cuidar do ambiente mental de onde provêm os pensamentos e as idéias que podem elevá-lo ou mergulhá-lo na escuridão.



O homem tem se afastado de si mesmo, dos seus semelhantes e de Deus por insistir em manter uma fé no que desconhece. Somente através do conhecimento poderá reencontrar-se e descobrir o Deus oculto em seu coração e nos de seus semelhantes.



Não bastam as leis se não há consciência e entendimento para que elas se cumpram, e homens de iniciativa, vigilantes, que colaborem para que o planeta e seus habitantes se recuperem.







Nagib Anderáos Neto

neto.nagib@gmail.com











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Monday, May 06, 2013

O Desenvolvimento da Mente


É muito comum confundir-se a mente como o cérebro. Há animais que têm o cérebro muito parecido com o do homem, mas não têm a mente, capacidade superior de criar, entender, aperfeiçoar-se e evoluir.


Há seres humanos que são piores que os animais, alguém diria. É verdade. Mas as mentes desses seres atrasados estão ali, passíveis de serem conhecidas, utilizadas, aperfeiçoadas.

Platão escreveu há séculos que a alma humana tem uma parte inferior e outra superior, caso contrário não existiria a possibilidade do autocontrole ser realizado através da ingerência da última sobre a primeira. O que Platão não disse é que a parte superior da alma, ou da mente, é uma potencialidade, existe e não existe, pode e precisa ser desenvolvida a partir da inferior, que também é pouco usada e conhecida.

Quando Sócrates celebrizou a inscrição milenar do templo de Delfos que exortava ao conhecimento de si mesmo, quis significar que aquele conhecimento era o da mente.

Mas, afinal, o que ela é?

É física? É metafísica?

O escritor e pensador González Pecotche pondera que ela é um órgão psicológico que reside no cérebro, manifesta-se através do aparato físico, e que é possível desenvolvê-la conscientemente, a partir da vontade, e não somente por exigências materiais e intelectuais no processo da vida que se inicia na infância e culmina na maturidade.

Há pessoas com idade avançada e mentes brilhantes, lúcidas, capazes, ativas. A mente se desenvolve na atividade que pode ser superior, relacionada com o aperfeiçoamento, despertando zonas inertes da mentalidade.

Uma outra explicação analógica diz que ela é o espaço onde os pensamentos nascem e se desenvolvem. Isto significa que cuidar dela implica cuidar dos pensamentos que ali se movimentam, muitas vezes provenientes de outras exóticas cujos cérebros de há muito se decompuseram sob as ancestrais lajes das tradições, verdadeiros cemitérios das idéias, como muito bem observou o pensador.

A mente humana é um fragmento da divina. Conhecê-la e aperfeiçoá-la é a tarefa do momento nesta nova era que se inicia.


Nagib Anderáos Neto
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