Saturday, November 17, 2007

O Panteísmo de Emerson e Spinoza


Baruch Spinoza (1632-1677) era considerado por Ralph Waldo Emerson (1803-1882) um mestre querido. O iconoclasta sem martelo que ensinava por toda a América a ousadia da construção do destino individual foi um cientista da alegria que cedo aprendeu que o coração da Natureza batia em uníssono com o seu. O panteísmo de Spinoza encontrara um eco profundo no coração do americano que considerara que cada individuo possuía um capital espiritual próprio voltado para a beleza, a alegria, a amizade e a paz.
Emerson gostava de falar para a gente simples que o compreendia com o coração. “Cada homem, cada parte humana dessa entidade divina conhecida como humanidade, é um Deus em formação”, escrevera; e “este mundo pertence aos alegres, aos enérgicos, aos ousados”.
O panteísmo de Spinoza considerava que Deus e a Natureza são a mesma coisa; que o Universo é a realização de Deus, sua face visível, e os seus seres singulares são a manifestação de uma única substância.
Se a substância essencial e original do monismo de Spinoza está presente em tudo quanto existe, especialmente representada no homem, o amor fraterno deveria surgir no coração de todos os homens como resultado do sentimento panteísta. Onde não existe amor, não há evolução, não há ética nem moral.
“Não deverei eu chamar de Deus o Belo que diariamente se mostra para mim no dom da Amizade?”, escreveu Emerson.
Ao constatar que as grosseiras muralhas dos defeitos humanos afastam os homens criando as inimizades, não podemos deixar de considerá-los como as causas do afastamento do homem de Deus, que está magnificamente representado em cada inteligência e sensibilidade humanas que têm sido entorpecidas e petrificadas pela ignorância e pelos preconceitos.
Lutar pelo aperfeiçoamento psicológico pessoal, identificando e combatendo os defeitos que impedem o cultivo de amizades, como a intolerância, a vaidade, a ambição e o egoísmo, entre outros, é única forma inteligente de cultivar o panteísmo que aproxima o ser humano de seus semelhantes, da Natureza e de Deus, para viver o aforismo axiomático de Abrahan Lincoln:
“Quando faço o bem, sinto-me bem. Quando faço o mal, sinto-me mal; esta é a minha religião”.
A síntese do panteísmo de Emerson é que “a essência de Deus é o amor”, e “um amigo é uma obra prima da Natureza”.
“O único modo de ter amigos é ser amigo”.

Nagib Anderáos Neto
www.nagibanderaos.com.br

Monday, November 05, 2007

Atenção e Inteligência

A cura da chamada doença da distração ou da desatenção não é tarefa simples e não depende da intervenção de médicos ou da ingestão de remédios.
A verdadeira causa dessa falha psicológica não será eliminada com o aconselhamento profissional de quem padece do mesmo mal e não sabe como combatê-lo em si mesmo. Essa é uma das contradições da pedagogia e da psicologia moderna: o instrutor ou o aconselhador pretende ajudar a outros no enfrentamento de dificuldades pessoais sem antes tê-las superado em sua vida.
A desatenção é uma propensão mental proveniente do ócio e das abstrações estéreis. A rotina e o automatismo mental tornaram o ser humano distraído e desatento.
Essa postura mental torna as pessoas ingênuas e inseguras; verdadeiros joguetes nas mãos de espertalhões. Talvez por isto, a cultura atual seja tão voltada para as distrações de todo gênero, para o ócio, a inatividade mental.
A atenção em tudo o que se faz sem o concurso da consciência individual se tornará inoperante. No entanto, a consciência anda tão inativa, escondida, deprimida. Num mundo onde grandes mentiras são tidas como verdades, a ampliação da área da consciência fica impossibilitada e a síndrome da distração alastra-se em proporções assustadoras.
Tempo é dinheiro. Ter é poder. Onde falta dinheiro, falta felicidade. Estas são algumas das inúmeras faces da Grande Mentira que comprou a alma humana para sacrificá-la como o diabo descrito por Goethe. O mecanismo da atenção deverá ser regido pela consciência e não por remédios, tratamentos ou por aconselhamento espiritual duvidoso.
O que significa ser inteligente?
A inteligência pressupõe o exercício de diversas funções mentais que podem se complementar em mútua colaboração: recordar, observar, refletir, pensar, julgar, raciocinar, imaginar, combinar. Para a Logosofia, a inteligência é a faculdade máxima e se resume no funcionamento harmônico das mencionadas para o bem e superação do indivíduo, o que, em geral, não acontece.
A cultura convencional que recebemos de nossos antepassados está voltada, quase que exclusivamente, para a utilização da memória e da imaginação. Nas escolas as crianças são massacradas com uma infinidade de informações que devem ser memorizadas em detrimento das outras funções. Essa memorização absurda será necessária para o vestibular que exigirá do jovem esse enciclopedismo inútil.
O entendimento não desenvolvido faz com que o indivíduo aceite, passiva e ingenuamente, versões absurdas sobre a realidade, fantasias de toda a índole que se opõem à verdade, acorrentando o espírito - potencialmente inteligente - no claustro de crenças absurdas. O desenvolvimento da inteligência exige o adestramento da observação, do juízo, da razão, do entendimento, do pensar. O ser humano não pode se transformar num papagaio repetidor de falas criadas por outros, nem num ser que vive a imaginar coisas que nunca realiza. A inteligência deve ser desenvolvida na realização das principais tarefas da vida: evoluir e colaborar com as outras pessoas nesse sentido.Ser inteligente implica ser humano, saber conviver com as pessoas, buscar e ir encontrando a felicidade através da vida.
A inteligência é um dom divino que todos recebemos ao nascer para este mundo e que poderá ser desenvolvida. Máquina alguma haverá de substituir essa capacidade cognoscitiva e criativa que todo o ser humano tem e que, aliada ao sentir, poderá levá-lo a condições cada vez mais humanas.
Para conhecer e se aproximar do Criador, é lógico e necessário que se conheça a parte da Criação que mais está ao nosso alcance, ou seja, nós mesmos, e que se experimente as alternativas evolutivas que nos foram concedidas através de um processo conscientemente realizado.
Ser mais inteligente significa ser mais humano; interessar-se pelo próprio futuro e o dos demais; estar atento a quanto ocorre na própria vida, no dia-a-dia, com o intuito de aperfeiçoar a conduta e facilitar a convivência com as outras pessoas.


Nagib Anderáos Neto
www.logosophy.net

Labels: , , , , , , ,