Wednesday, May 26, 2010

A Fatalidade Não Existe

É possível que o temor da morte provenha do fato de se pensar que tudo termina com a vida. A morte verdadeira é o não pensar, uma tirania que aprisiona a inteligência, uma escravidão mental.
Como sentir a eternidade dentro de si?
Não estamos morrendo todas as noites para despertar no dia seguinte?
Na Comédia de Dante, diz o poeta: “O pior dos suplícios é sentir-se morto sem acabar de morrer, é sentir-se quase vivo estando morto, e ansiando morrer, seguir vivendo”.
A morte tem a ver com a falta de estímulos, de interesse e esperança.
O essencial é a atividade, o movimento, o equilíbrio. É necessário abandonar a inércia e a desesperança, construir um novo futuro, ressurgir das cinzas como o pássaro imortal, uma verdadeira ressurreição que a lenda de Lázaro não pode explicar.
Por que o espírito humano busca o conhecimento e o aperfeiçoamento? Por que busca o acercamento com Deus?
A liberdade do homem é construída sobre o pensar. Quanto mais pensar, mais livre será. Mas o que é pensar? Esta movimentação discricionária de pensamentos na mente seria pensar? Não, isso não é pensar, criar soluções luminosas, optar por caminhos, selecionar o que convém para o bem e felicidade próprios e alheios.
Ao pensar, opomo-nos à fatalidade e liberamo-nos do destino comum, da mediocridade. Trata-se de opor à fatalidade um destino construído pela pessoa, que será viável através do conhecimento, do domínio dos pensamentos. Todos têm o privilégio de mudar o destino, apesar de não poder modificar o desígnio que lhes dá um tempo de vida neste planeta. A cada decisão que se toma, o futuro está sendo alterado. A fatalidade e o predeterminismo não existem para quem use sua inteligência para construir o futuro. Não é a fatalidade que leva o desatento a acidentar-se, o esquecido a envolver-se em inúmeros problemas, o irascível a atrair sobre si a violência dos que não o suportam. O destino pode ser modificado por quem compreende que deve se transformar para construir uma vida melhor, pois existe para o ser humano o livre arbítrio, a liberdade interior por optar sobre o que quer pensar, fazer, realizar. Assim se poderá escapar da fatalidade.
Qualquer obstáculo pode ser transformado em instrumento de aperfeiçoamento pessoal através da utilização da inteligência. Um defeito que nos incomoda poderá mover-nos para combatê-lo, extirpá-lo. Mudando, poderemos construir um novo destino. Nenhuma idéia diferente ou oposta à do aperfeiçoamento poderá nos impulsionar para a construção de uma vida mais feliz.
Um dos preceitos gravados no Templo de Delfos era o “Conhece a ti Mesmo”. Platão diz através de Sócrates - personagem de um de seus escritos que “parece-me ridículo, pois, não possuindo eu ainda esse conhecimento, que me ponha a examinar coisas que não me dizem respeito.Não são as fábulas que investigo; é a mim mesmo”.
Esse conhecimento implica conhecer os defeitos pessoais; é muito comum censurarmos os dos outros. Ao evitar, em nós, os que censuramos, estaríamos realizando uma pequena parte daquele conhecimento inscrito no templo grego.
Assim como a fome e a sede são sinais de nosso organismo indicando que precisamos nos alimentar, os defeitos são sinais de que nosso organismo psicológico nos dá indicando que devemos mudar. E o nome dessas mudanças é educação espiritual; construção de uma nova conduta que deverá nos ocupar diariamente, da mesma forma como dormimos e nos alimentamos, para não cair na inanição mental, na indigência espiritual.
Há também muitos preconceitos que precisam ser eliminados e que nos têm influenciado fortemente. O primeiro deles é o que diz que não podemos mudar, que tudo está escrito, que a vida é uma vale de sofrimentos, que não somos ninguém, que o ser humano não tem conserto, que alguém virá para nos salvar e resolver por nós o que não conseguimos.
Ao vencer tais preconceitos e assumir as rédeas do destino, opomo-nos ao comum e á fatalidade que não existe para quem lute por pensar com liberdade e construir o próprio futuro.


Nagib Anderáos Neto
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Tuesday, May 18, 2010

Voluntariado no Combate à Corrupção

Antes de procurarmos as raízes históricas da corrupção em nosso país, remontando-nos ao Brasil - Colônia e aos primeiros dilapidadores de nossa terra e exploradores dos ancestrais que aqui estavam muito antes dos colonizadores que vieram trazer sua pretensa cultura em troca de riquezas que levavam para a Europa, falemos das raízes psicológicas desta doença nefasta que corrompe as mentes e endurece os corações criando miséria e injustiça social.

O corrupto é um doente mental que vive em liberdade pelas cidades aparentando uma sanidade que o observador perspicaz não deixa de perceber que é falsa.

A corrupção é o desrespeito total à figura humana, uma atitude travestida de misericórdia e bondade, tão bem representada por pessoas que fingem parecer o que não são nos palanques, nos púlpitos, nas telas das televisões.

O corrupto é um especialista em iludir o semelhante, um camaleão social, sempre pronto e disposto a enganar as pessoas tristemente chamadas de boa-fé. Ele não mostra, não demonstra, não comprova. Seu discurso oco, sorriso cínico e olhar oblíquo têm como único objetivo enganar para se beneficiar. É um materialista incorrigível sempre a se esconder por detrás de uma máscara de bondade que se desfaz à menor e firme oposição inteligente.

A corrupção se confunde com hipocrisia, ambição, mentira e desumanidade. Geradora de guerras e desentendimentos de toda a ordem é o signo mais eloqüente da ignorância. Para combatê-la será necessário combater o atraso e as superstições de toda índole.

É comum associá-la à política, pois ali ela é mais visível, mas não é apenas privilégio daquele triste ambiente; está nas empresas, em associações diversas, porque suas raízes são mentais, pensamentos enraizados nas mentes humanas há séculos que levam os seres humanos a iludir a outros para se beneficiar.

A vitória sobre esta doença será o fruto de um processo lento, mas contínuo, que deverá começar no ambiente familiar, nos bancos escolares, para atingir, depois, todo o tecido social, educando as crianças para a vida, para a boa convivência, preservando suas mentes de pensamentos ambiciosos e agressivos, transmitindo-lhes conceitos humanitários que lhes criem uma consciência de ser humano que veja a vida como um grande campo de experiência, amizade e aprendizado, ao invés do palco onde se desenrola o triste espetáculo das desumanidades e das atrocidades dos seres que vivem a enganar a si próprios e aos demais.

A corrupção tem suas raízes no egoísmo ancestral que trazemos dentro de nós e que nos serviu em épocas remotas nas quais deveríamos nos defender das intempéries naturais, das feras e de nossa própria ignorância. Com o passar dos tempos, as feras que combatíamos surgiram em nossas mentes como pensamentos que agora querem nos devorar e a nossa espécie, como o egoísmo.

Será necessário aprendermos a nos preocupar inteligentemente conosco e com as demais pessoas, pois servir os outros é a maneira mais inteligente de servir a si mesmo. E mais do que dar o peixe, que bem sabido é que não leva a nada, ou mesmo ensinar a pescar, é importante saber se a pessoa ajudada faz bom uso do bem recebido e se o transmite às outras pessoas para que seja credora de apoio futuro.

Assim é como muitas pessoas têm encontrado no voluntariado uma maneira de combater essa praga mental que é a corrupção cujas raízes não foram ainda devidamente identificadas e eliminadas.


Nagib Anderáos Neto
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Tuesday, May 04, 2010

Liberdade pela Educação

A causa de toda a pobreza é a ignorância. E não há outra forma de combatê-la que não seja através da educação. Muitos países ditos em desenvolvimento vão de encontro à história pelo mau exemplo de seus governantes que privilegiam o assistencialismo inócuo, mergulhando o povo na inércia, ao invés de estimular o estudo e a iniciativa.

Não há maior inimigo da liberdade que a ignorância. E não há maior ignorância que a ausência de si mesmo, a inconsciência dos que se encarceram por detrás dos barrotes de preconceitos e idéias medievais e retrógradas.

Ao mesmo tempo em que o homem traz dentro de si o anseio por liberdade, também traz a tendência à submissão, por acreditar em coisas inverossímeis, cultivar ídolos, idolatrar místicos fantasiosos, apesar de todos os homens terem o anelo de serem felizes.Essas tendências aparentemente paradoxais são frutos psicológicos de uma característica inerente ao homem: ligar-se aos outros, não ser uma pessoa isolada, comunicar-se.Talvez aí a explicação das seitas, religiões, ideologias, partidos políticos e fanatismos que não justificam aquela tendência.

A lição da pobreza ensina que o maior cego não é o que não quer ver, senão o que não quer entender. E que ajudar os outros é a melhor maneira de ajudar a si mesmo. E que mais que dar o peixe ou ensinar a pescar, o fundamental é ensinar a pensar. E nunca pretender ensinar antes de haver aprendido. E que pensar é, antes de tudo, criar.

O homem nasceu para ser feliz e aprender que a maior de todas as felicidades é saber, conhecer e ser livre. A maior das escravidões é a mental, onde o homem se vê encarcerado nos barrotes da ignorância, a pior das prisões: o desconhecimento da sua realidade, das causas dos erros e desacertos. Quem se desconhece é um presidiário na própria casa, embora perambule em aparente liberdade pelas ruas cercado por temores e incertezas.

A verdadeira torre de Babel está aí. Os que falam o mesmo idioma não se entendem.Tudo indica que a linguagem inscrita na Natureza ainda não foi decifrada pelo pequeno homem pretensioso, vaidoso e político.

Homens divididos são domináveis, escravizados pelos que em tudo veem a possibilidade de satisfações materiais, cegos por inconfessáveis ânsias de domínio, poder e riqueza.

Pensar é respirar. O Universo respira por mais que queiramos abafar e aquecer o pequeno planeta com o gás sufocante do progresso. A Terra é um ínfimo na Criação imensa. A inteligência não, ela pode ser maior. A alma pode transcender este hiato decaído e se projetar num futuro ilimitado, onde os homens sentirão a alegria de viver e serem humanos.

Os déspotas, os impostores e os predicadores são os inimigos da liberdade que não querem que o homem pense e seja livre. O ser humano não nasceu para viver isolado e nem acorrentado. E a maior das escravidões é a mental, fruto da ignorância.

O ideal de fraternidade permitirá que o homem se aproxime de seus semelhantes através do conhecimento e da cultura, únicas riquezas capazes de tirá-lo do sofrimento, do isolamento e da ignorância.

Os inimigos da educação e da cultura são os inimigos da liberdade e do povo.

Nagib Anderáos Neto
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