Tuesday, June 25, 2013

Política, Trabalho e Desenvolvimento





Os governos querem, no fundo, continuar sendo governo. O desenvolvimento das instituições democráticas depende da energia do povo que impulsiona a economia pelo trabalho, consumo, respeito às leis, e que se esforça por superar suas condições financeiras, econômicas e intelectuais. Aos governos cumpre não atrapalhar essa evolução que se vai realizando gradativamente naquelas sociedades cujo arcabouço democrático mínimo, livre de influências ideológicas e religiosas, segue seu caminho de aperfeiçoamento que exige mudanças, sem as quais os progressos não ocorrem.



A situação razoavelmente confortável do Brasil diante das últimas crises mundiais deve-se ao esforço e trabalho do povo, apesar dos pesados impostos, da burocracia, dos gastos excessivos dos governos, da lentidão da justiça, do desestímulo à livre iniciativa, da falta de segurança, da precária infraestrutura, e do menosprezo à educação e à cultura. Numa sociedade em que a raiz de todos os problemas reside na ausência de um sistema educacional eficaz, menosprezar a cultura e a educação é a política mais retrógrada pela qual se possa optar.



Não podemos nos conformar com a crença de que o voto implique democracia. O governo do povo para o povo é aquele que o representa e serve. Seria o poder constituído fazendo cumprir os anseios populares e a Lei Maior que não pode ser letra morta. Educação, saúde, trabalho, segurança, proteção ao meio ambiente, justiça rápida e eficiente deveriam ser os temas que ocupassem as mentes do homem público, e não a forma de chegar ao poder e permanecer nele indefinidamente.



A política assemelha-se às seitas religiosas extremistas cujos líderes induzem seus seguidores a suicídios coletivos em nome de suas inconfessáveis ânsias de poder e riqueza, tratando-os como ovelhas ou ratos do conhecido conto infantil que se atiram ao mar para uma morte coletiva, encantados pela melodiosa música de um esperto flautista.



O risível espetáculo da política não passa despercebido para os olhos que enxergam, os ouvidos que ouvem e a inteligência que entende.



A política passou a ser a arte de tergiversar, mentir, chegar ao poder e permanecer nele privilegiando parentes e amigos; de iludir, nunca dizer o que realmente se pensa - o que maldosamente tem sido imputado aos mineiros por alguma razão histórica que não está muito clara, mas que não é privilégio do simpático povo daquele Estado, senão de minorias assentadas nos governos, nas empresas, em instituições diversas por todo o país, por todo o mundo.



Os homens de bem têm ojeriza àqueles conluios, e a dramática situação dos governos em todos os níveis parece nunca terminar.



Em algum momento a reversão deverá ser iniciada, e pessoas que não necessitem da política como profissão, como meio de sobrevivência, por já terem percorrido uma trajetória que lhes permita colaborar voluntariamente com a Nação, alistar-se-ão numa cruzada de moralidade e seriedade, pois o governo não é nenhum partido, nenhuma pessoa, o governo é o povo que haverá de resgatá-lo.



A impostura tributária é uma doença, como a corrupção, causadora de desperdícios e injustiça social. Ao conspirar contra o povo, acrescenta-se ao imposto mais tributo, aparentando com isto justiça social com o dinheiro que legalmente toma dos que produzem e trabalham, cujas migalhas distribui demagogicamente através de uma pseudojustiça social denominada de bolsa qualquer vinda dos bolsos indignados de quem trabalha, produz e não concorda com este tipo de esmola que paralisa e vicia as pessoas cujos votos são comprados por tal prática.



Ao povo interessa trabalho, segurança, justiça, saúde e educação. O progresso não combina com assistencialismo inócuo, com antigas práticas de ideologias fracassadas.



Nagib Anderáos Neto



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Thursday, June 13, 2013

Traidores e Tradutores





É consenso entre escritores e leitores que todo tradutor é uma espécie de traidor, mesmo quando se está a interpretar pensamentos alheios no próprio idioma. O que não dizer quando se trata de fazê-lo de outros?



Traduzir vem do latim traducere, que significa conduzir além, transferir. Tradutor, do latim traductore. Traidor, do latim traditore.



O “tudo vale a pena se a alma não é pequena” de Fernando Pessoa poderá ter inúmeras interpretações, e nenhuma delas chegar perto do que o poeta pensou e sentiu ao urdir as dez pequenas palavras no verso tantas vezes repetido.



O misterioso “ser ou não ser” de Shakespeare poderia ser traduzido por saber ou não saber, existir ou não. Talvez estivéssemos dando um conteúdo nesta traição que o poeta inglês sequer cogitara.



A “Morte a Deus” escrita pelo jovem Rimbaud nas portas das igrejas, como o “Deus está morto” de Nietsche, poderia significar que o jovem poeta estivesse mais próximo d`Ele, como ponderou Henry Miller, que os arrogantes poderes que dominavam a igreja daquele tempo.



“A palavra morre quando é dita, alguém diz. Eu digo que ela começa a viver naquele dia”, escreveu Emily Dickinson, a incomparável poetisa da América num econômico inglês que lhe era peculiar. A que palavra estaria ela se referindo? O que é a palavra? Ela vive? Morre? Sobrevive a quem a pronunciou? Qual o mistério que a envolve e substancia? Qual sua força?



O mistério da palavra é o do pensamento. Ela é a expressão física daquele e pode desaparecer; ele não, o pensamento cruza o espaço e o tempo e pode sobreviver.



Cada palavra é um símbolo mágico, metáfora viva que pode ser decifrada e interpretada, traduzida para o idioma metafísico.



Quando ouvimos Drummond dizer: “havia uma pedra no caminho”, a sutileza metafísica é gritante; não é uma pedra física, é mental, um obstáculo a ser removido, um problema a ser resolvido.



A palavra Deus reporta a uma imagem que vem do conceito que se tenha; pode ser um senhor com uma enorme barba, ou o próprio Universo, ou um animal sagrado, o sorriso de uma criança, o gesto generoso de quem nos ajuda, ou uma inteligência maior de onde todas as demais provêm, ou absolutamente nada. A palavra refere-se ao conceito e pode ser uma metáfora morta se não evolui com o tempo transformando-se num preconceito.



As palavras, expressões físicas dos pensamentos, são pequenos detalhes com os quais se poderá chegar a Deus ou mergulhar na escuridão.







Nagib Anderáos Neto

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Monday, June 03, 2013

Consciência e Meio Ambiente




Questões ambientais e sociais deixaram de ser marginais ao negócio e passaram a ser essenciais, estratégicas. O conceito de sustentabilidade transcendeu a questão ambiental alcançando a social e a educacional. Responsabilidade na utilização dos recursos naturais, no consumo e trato com a sociedade, faz parte da administração moderna.



A preocupação com o meio ambiente e o ser humano é conseqüência da estranha modernidade que se observa, com o afastamento entre as pessoas e os povos provocado pela ignorância e preconceitos de toda a ordem. Ela poderá se transformar num fator de união de esforços para a melhoria das relações com a Natureza e entre as pessoas.



Desenvolvimento sustentável, além de responsabilidade social, crescimento inteligente e cuidado com o meio ambiente, deveria significar desenvolvimento humano, respeito às diferenças e fraternidade.



Nenhum país pode ser considerado desenvolvido ao arvorar-se à condição de manipulador de idéias e pensamentos para subjugar os demais. O mesmo acontece com as pessoas; a imposição é sinônima de impostura e presunção. Inteligência pressupõe exposição, ao invés de imposição.



A crise ecológica que presenciamos é conseqüência de uma grave crise humana e social. O ser humano desentendeu-se consigo , com os semelhantes e a Terra. As guerras e os graves problemas ambientais são as conseqüências desses desentendimentos.



A globalização é uma quimera. Os homens estão divididos social, racial, religiosa e geograficamente. No pequeno planeta criaram-se mundos distantes onde explorados e exploradores convivem numa aparente harmonia.



No dizer de Polibus, não existe testemunha tão terrível, nem acusador tão implacável como a consciência que mora no coração de cada homem. Diríamos que essa consciência, que pode ser conhecida e desenvolvida, a parte de Deus que habita cada coração, é para a qual cada homem haverá de prestar contas um dia, pelo que fez e deixou de fazer; a única, verdadeira e incontestável juíza que todos carregam consigo desde o instante que nascem e que pode ser ampliada no processo da vida através da evolução que implica a aquisição de conhecimentos. A questão do momento é sua ampliação, que muito tem a ver com a sede por eternidade e a fonte da eterna juventude que os antigos pressentiam e que nos permitirá projetar um futuro e construir um passado que poderá se converter num infinito presente que chamaríamos eternidade.



Quando boa parte da humanidade despertar do sono, da indiferença e da inconsciência, e aderir ao silencioso e crescente movimento em defesa do meio ambiente e do ser humano, a revolução ecológica – espiritual se fará sentir em muitas partes e será corrigido o rumo equivocado em que se lançou a humanidade pelos obscuros caminhos do materialismo e da ignorância. A nova cultura será o produto de uma grande revolução a ser travada no íntimo das pessoas. Mais do que informativa, ela será formativa, proporcionando a ampliação da consciência e o cultivo de pensamentos e sentimentos que unam as pessoas ao invés de distanciá-las, como têm feito a política, as fronteiras, as religiões e, sobretudo, as ambições desenfreadas que deverão ser substituídas pelo ideal de estudo e fraternidade. Além de cuidar do meio ambiente que o cerca, o homem aprenderá a cuidar do ambiente mental de onde provêm os pensamentos e as idéias que podem elevá-lo ou mergulhá-lo na escuridão.



O homem tem se afastado de si mesmo, dos seus semelhantes e de Deus por insistir em manter uma fé no que desconhece. Somente através do conhecimento poderá reencontrar-se e descobrir o Deus oculto em seu coração e nos de seus semelhantes.



Não bastam as leis se não há consciência e entendimento para que elas se cumpram, e homens de iniciativa, vigilantes, que colaborem para que o planeta e seus habitantes se recuperem.







Nagib Anderáos Neto

neto.nagib@gmail.com











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